Duas empresas atingem excelentes resultados com o mesmo modelo de negócio, mas logo em seguida algo estranho acontece: uma delas prossegue crescendo enquanto a outra simplesmente inicia uma queda sem fim, podendo chegar até a morte. Afinal, por que empresas de sucesso quebram e que passos são dados em direção ao fracasso?
A Importância da Avaliação de Riscos e Retornos
A literatura das empresas de sucesso é vasta, todos se vangloriam do que deu certo, afinal, como já é sabido, a história é contada pelos vencedores. Mas em avaliação de empresas, se você realmente quer ter sucesso, tem que aprender a identificar os caminhos que tomam as empresas que fracassam.
Lembre-se novamente da relação entre risco e retorno. Ficar míope olhando só as características do retorno vai deixá-lo cego para o risco, e essa é a receita da ruína. Se você souber avaliar, e administrar o risco, não precisa se preocupar com o retorno, ele será a consequência da sua análise.
Os Cinco Estágios do Declínio Empresarial:
Segundo Jim Collins, autor de vários best sellers do mundo corporativo, as empresas que fracassam apesar de atingirem o sucesso, passam por cinco estágios em direção ao declínio.
No primeiro, o sucesso desencadeia um excesso de confiança e as empresas excelentes se sentem protegidas por esse sucesso; mesmo que seus líderes tomem decisões ruins ou se tornem indisciplinados, esse ímpeto acumulado pode levar a empresa adiante por algum tempo.
O sucesso torna as pessoas arrogantes, isso faz com que elas percam de vista os fatores básicos que verdadeiramente criaram o sucesso da empresa. Essa presunção faz com que elas não queiram saber em quais condições esses fatores deixam de funcionar.
A sorte e o acaso desempenham um papel relevante em muitos resultados de sucesso. Os que deixam de reconhecer o papel da sorte, superestimando o próprio mérito, sucumbem ao excesso de confiança.
A Armadilha da Crescente Ambição: O Segundo Estágio do Declínio Empresarial e a Busca Indisciplinada pelo Sucesso
Esse sentimento: “Somos demais, podemos fazer qualquer coisa”, leva a empresa ao segundo estágio. A busca indisciplinada por mais. Mais escala, mais crescimento, mais tudo que considerem constituir o sucesso.
Nesse estágio as empresas se desviam da criatividade disciplinada que as levaram a excelência, e começam a promover incursões indisciplinadas em áreas nas quais não podem ser excelentes, ou passam a crescer mais rapidamente do que é possível crescer com excelência, ou ambos.
Crescer além de sua capacidade de preencher suas posições mais importantes com as pessoas certas, é preparar o terreno para o fracasso. Esse estágio consolidado é a passagem para o próximo, o da negação de riscos e perigos.
Ignorando os Sinais Internos
No terceiro estágio os riscos aumentam e os sinais de alertas internos começam a se acumular, mas como os resultados externos permanecem fortes, os líderes da empresa ignoram os dados perturbadores e sugerem que as dificuldades são “temporárias” ou “cíclicas”, ou “não são tão ruins” e que “não há nada fundamentalmente errado com a empresa”.
Eles negligenciam os dados negativos e enfatizam os positivos, as pessoas no poder começam a culpar os fatores externos pelas dificuldades em vez de assumir a responsabilidade por elas.
Quando os líderes começam a colocar a empresa em perigo assumindo riscos descomunais, a vigorosa análise baseada em fatos que caracteriza as equipes de alto desempenho diminui ou desaparece por completo. Essa gestão negligente frente às consequências desses riscos, encaminham a empresa diretamente ao Estágio 4.
Quando o acúmulo negativo das consequências dos riscos assumidos começam a pesar, a empresa inicia um abrupto declínio que é visível a todos.
O Quarto Estágio do Declínio Empresarial e as Armadilhas das Soluções ‘Geniais’
A empresa então se vê diante de um dilema: recorre a uma rápida salvação, ou retoma a disciplina que produziu o sucesso no passado? Essa luta desesperada pela salvação acaba levando a empresa para a via “rápida”.
Salvações comuns incluem um líder visionário carismático, uma estratégia ousada mas não comprovada, uma transformação radical, uma drástica revolução cultural, um novo produto que se espera ser campeão de vendas, uma aquisição agressiva para “mudar o jogo” ou quaisquer outras soluções consideradas “geniais”.
Você nunca verá um novo CEO com fama de salvador entrar em uma empresa em dificuldades e propor apenas o “feijão com arroz”. Afinal ele é “o iluminado”, e os iluminados não podem fazer apenas o básico.
Os resultados iniciais dessas ações dramáticas podem parecer positivos, mas não duram muito e levam a empresa para o quinto e último estágio. A entrega à irrelevância ou à morte. Quanto mais tempo a empresa permanecer no estágio 4, tentando repetidamente encontrar soluções geniais, suas chances de fracassar aumentam exponencialmente.
A Queda para o Abismo
As derrotas acumuladas e as tentativas dispendiosas desgastam a posição financeira da empresa, o moral das pessoas despenca até o ponto em que qualquer esperança de reconstruir o negócio desaparece.
Em alguns casos os líderes se limitam a vender suas ações, em outros a empresa se atrofia até se tornar insignificante, e nos casos mais extremos a empresa morre.
Mas como a empresa pode escapar disso? Bem, a cada passo que ela dá nesta direção, como descrevi no conteúdo de hoje, mais difícil será. E posso dizer que é bem difícil ver uma empresa que entrou, sair dessa.
Evitando o Caminho da Ruína Empresarial e Identificando Sinais de Arrogância no Mundo dos Investimentos
Arrogância, presunção, indisciplina, excesso de confiança, e como diria Taleb, iludido pelo acaso, é o caminho da ruína. Seja humilde e não atribua a si mesmo um sucesso que não dependeu apenas de você.
E para você que é apenas um investidor. Como identificar essas empresas? Assista o vídeo novamente e não seja iludido apenas pelo sucesso. Há muitos sinais que as empresas dão de sua arrogância. Os mesmos sinais dados pelos coaches de finanças e investimentos quando te vendem apenas o que dará certo, e não o que pode dar errado.
Espero que a reflexão de hoje possa te ajudar a ser um investidor melhor.
Gostou do conteúdo? Quer saber mais sobre como perder o medo de investir na bolsa de valores? Clique aqui. Confira também o meu canal no YouTube onde compartilho conhecimentos de finanças e investimentos!