É muito comum investidores – inclusive os mais experientes – terem dúvidas sobre se o preço das ações realmente importa na hora de investir. Esse questionamento acaba permeando a mente de todo investidor em algum momento. E, se por acaso você já se questionou, saiba que isso é mais comum do que imagina.
Primeiro, é importante avisar que há diversas visões sobre o assunto, bem como opiniões adversas. Considerar o preço das ações na hora de investir é um fator que acredito ser importante, mas muitos analistas discordam.
Mas, afinal, como saber se o preço das ações importa na hora de investir? Esse é o tema deste artigo. Continue a leitura do texto e entenda mais sobre este aspecto dos investimentos na Bolsa de Valores.
Teoria dos Mercados Eficientes
Antes de falar sobre o assunto, preciso explicar a Teoria dos Mercados Eficientes – tão importante para o entendimento do tema. Assim como diversos tópicos relacionados às finanças e investimentos, a Teoria dos Mercados Eficientes também divide opiniões. Apesar disso, é amplamente debatida.
Basicamente, ela defende que o mercado é eficiente. Ou seja, os defensores dessa teoria acreditam que os preços do mercado são fontes confiáveis e refletem todas as informações existentes no mercado. Dessa forma, não há como falar em ações caras ou baratas.
Particularmente, não concordo com essa teoria. Isso porque ela defende que os preços das ações são formados pelo simples acaso. O economista Eugene Fama – defensor desta teoria – acredita que os preços resultam de informações que, logo que aparecem, são precificadas automaticamente.
Neste caso, não há espaço entre a criação da ação e o conhecimento dos investidores para considerar um preço novo para o ativo.
Em outras palavras, é como se as ações, sozinhas, criassem seus próprios preços apenas com base nas informações do mercado. Ou então como se o próprio mercado tivesse informações suficientes para formar o valor dos ativos.
Críticas à teoria de Eugene Fama
Assim como eu, diversos investidores, inclusive experientes, discordam da teoria de Eugene Fama. Um dos críticos é Warren Buffett, o maior investidor do mundo.
Inclusive, até o próprio Buffett, com toda a sua experiência em investimentos no mercado acionário, afirmou: “Eu seria um mendigo de rua, com uma lata na mão, se os mercados fossem eficientes”.
Primeiro, é importante notar que sempre houve investidores e gestores de fundos que conseguiram bons retornos com seus investimentos, muito acima do mercado. Você deve até mesmo conhecer alguns nomes do mercado – nacional e mundial – que obtiveram estes grandes resultados na bolsa.
Assim, essa teoria já se torna passível de questionamentos, pois se há bons gestores e investidores que conseguem retornos acima do benchmark, significa que investir em fundos ativos com boa gestão pode ser uma boa maneira de buscar rendimentos acima das expectativas.
Em segundo lugar, é importante destacar que quem acredita que os mercados são eficientes defende investimentos passivos – que acompanham a rentabilidade de um benchmark, por exemplo. Nessa teoria de formação de preço, conseguir retornos acima do mercado seria, portanto, impossível por meio de análises.
Assim, todos os gestores acabariam convergindo para ter, no fim, uma rentabilidade muito similar à do mercado.
Minha opinião sobre o tema
Conheço muitas pessoas que defendem a teoria de Eugene Fama. Acredito que aqueles especialistas e investidores que defendem a Teoria dos Mercados Eficientes o fazem mais por acreditar que a disciplina do investidor de fazer sempre seus aportes garantiria, a longo prazo, um montante relevante do que pelo que a teoria em si defende.
Pode até ser que essa teoria faça sentido para investidores que não sabem como avaliar companhias negociadas em bolsa. No entanto, investidores precisam saber analisar empresas para entender no que estão investindo. Logo, quem detém esse conhecimento concorda que não faz sentido.
Pense comigo: se você sabe avaliar uma empresa e, assim, sabe definir o valor justo de uma ação, por que compraria a mesma ação por um preço mais alto?
O próprio Warren Buffett defende que o preço que você paga pelas ações que compra afeta diretamente o retorno dos seus investimentos. Basicamente, Buffett enxerga as ações de uma empresa como se fossem um título de dívida.
Os lucros seriam como uma espécie de cupom desses títulos. Assim, ele entende que quanto mais alto for o valor pago pela ação, menor seria a taxa de retorno inicial e a taxa de retorno no longo prazo.
De acordo com Buffett, nem mesmo empresas com bom histórico de lucro para o longo prazo conseguem se livrar de resultados ruins de retorno para o investidor.
Os preços oscilam muito e, por isso, seria sempre adequado questionar e avaliar se o preço de uma ação é justo na hora de comprá-la.
Mas afinal, o preço das ações importa ou não importa?
Com tudo o que expliquei sobre o tema até aqui, talvez ainda haja dúvidas em relação a essa questão. Assim como Buffett, defendo que sim, o valor da ação importa na hora da compra.
Primeiro porque o valor de uma ação não é formado com base no que o mercado dispõe de informação no momento. O valor de um ativo geralmente projeta e especula o ganho futuro da empresa. Além disso, o mercado sozinho não tem capacidade de definir o valor dos ativos.
Segundo que a teoria defende que retornos passados não ajudam a prever retornos futuros. Sabemos muito bem que, na hora de avaliar uma empresa, conhecer seu histórico de lucro é fundamental para saber o que você, como investidor, adquirirá.
O preço do ativo acaba afetando seu lucro. O maior investidor do mundo acredita nisso e, no fundo, tem razão. Como citado, nem mesmo as maiores empresas conseguem escapar de resultados medíocres em relação ao lucro para seus investidores.
Em um vídeo sobre esse mesmo tema mostrei o exemplo da Coca-Cola, que antes tinha suas ações sendo vendidas por valores menores. O retorno, no entanto, acabou sendo maior se comparado com outros momentos nos quais suas ações tiveram uma alta. Clique aqui para assistir.
Além disso, acredito que seja essencial saber analisar as empresas para poder definir se o valor das ações se justifica ou se estão sendo disponibilizadas a um preço incoerente com seu histórico, sua situação financeira e em relação ao restante do mercado.
Conclusão
Definir se o preço das ações na hora de investir importa ou não sempre será uma dúvida frequente entre os investidores. Apesar de ter uma teoria que defenda que não, a verdade é que muitos investidores – inclusive grandes investidores – buscam boas oportunidades na bolsa.
Por isso, é fundamental analisar as empresas que pretende investir e estudar o mercado para saber se o valor de um determinado ativo é ou não justo. Desta forma, serão maiores as chances de encontrar boas oportunidades e fazer bons investimentos.
E você, o que achou do artigo? Quero aproveitar e convidar você a conhecer meu canal do Youtube e aprender mais sobre economia e investimentos. Inscreva-se e conheça alguns dos meus vídeos!