A regularidade na compra de ações, talvez seja uma das dúvidas mais frequentes que me são enviadas. Afinal, existe um momento certo para se comprar uma ação ou o importante é comprar sempre?
A Estratégia da Regularidade ao Comprar Ações: Desmistificando as Premissas e Explorando o Princípio da Continuidade
Comprar ações com regularidade é uma boa estratégia? Os defensores da regularidade alegam que não importa se a ação está cara ou barata o importante é comprar sempre, pois no final o investidor terá o aumento anual médio da ação.
Bem, essa afirmação adota pelo menos duas premissas como verdadeiras, a de que a ação dessa empresa vai subir sempre e assim o seu retorno anual médio no final do período será positivo, e de que os aportes estarão sempre muito próximos, em termos de preços, um do outro.
Também parte-se do pressuposto que a empresa é boa e, principalmente, se manterá boa ao longo do tempo. Talvez muitos deles não saibam, até os mais preparados, que para os aportes serem muito próximos em termos de preço, está se adotando aqui o princípio da continuidade.
Desafios e Riscos na Era das Flutuações de Preços
A continuidade é um pressuposto fundamental da teoria financeira convencional. A matemática de Louis Bachelier, Harry Markowitz, William Sharpe e Black & Scholes presume mudanças suaves de um preço para o seguinte: sem isso, suas fórmulas simplesmente não funcionam. Inclusive a teoria de Black & Scholes foi utilizada para gerir o famoso fundo LTCM Long Term Capital Management, e o que determinou seu fim foi exatamente a de que os preços não mudam suavemente.
O link do documentário que conta essa história está aqui.
Infelizmente o pressuposto da continuidade é falso e, portanto, a matemática é falha. Os preços financeiros não deslizam em continuidade, eles saltam, arremetem, mergulham e despencam, para cima ou para baixo. E isso aumenta o risco.
Nos mercados financeiros, as notícias que impelem os investidores pode ser insignificante ou preponderante. Suas decisões podem se basear em instantânea mudança de ânimo, altista para baixista, e vice-versa. O resultado disso é uma distribuição extremamente turbulenta das variações de preços. Não apenas movimentos de preços, mas também deslocamentos de preços.
A Necessidade de Abandonar a Ilusão da Curva Normal
Também se presume, equivocadamente, que a curva normal é um gabarito realista para medir o risco. Como diria Bernoit Mandelbrot, o pai da geometria fractal, os preços reais oscilam com muito mais intensidade do que sugerem os padrões gaussianos. Se os preços não deslizam e o princípio da continuidade não se aplica ao mercado de ações, o que se aplica então?
Eu diria que é o princípio da concentração. Compreender a concentração é crucial para muitos negócios. Por exemplo: Estudos sobre danos provocados por tornados nos Estados Unidos, na região do Texas, Lousiania e Mississippi, descobriu que 90% dos sinistros se concentraram em apenas 5% do total da área de terras seguradas.
Volatilidade Concentrada: Como Grandes Eventos Abalam o Mercado Financeiro e Desafiam a Visão da Curva Normal
No mercado financeiro, a volatilidade também se concentra, e as causas não são mistério. As notícias, divulgação do lucro das empresas, relatórios sobre inflação, pronunciamentos do Banco Central, ajudam a impulsionar os preços. Os economistas ortodoxos geralmente as modelam como uma longa série de eventos aleatórios, difusos no tempo.
Ainda que sejam de importância e tamanho variáveis, presumem que a distribuição segue a curva normal e que nenhum acontecimento isolado é decisivo.
Qual o sentido disso? O ataque terrorista ao World Trade Center foi, de longe, para qualquer avaliador, o mais importante acontecimento, em muitos anos, para a estabilidade mundial e, consequentemente, para os mercados financeiros, forçou o fechamento da bolsa de valores de Nova York pelo prazo, sem precedentes, de nada menos que cinco dias, e quando reabriram as negociações a queda foi de grande magnitude.
A crise do Subprime em 2008 foi outro acontecimento sem precedentes no mercado financeiro mundial. Foram eventos em si monstruosos, não a soma de pequenos eventos. Grandes notícias provocam grandes reações no mercado. E tais reações se concentram em pequenas fatias de tempo. Os dados comprovam essa afirmação.
Na década de 1990, nada menos que 40% dos retornos positivos do índice Standard & Poor’s 500 concentraram-se em dez dias, cerca de 0,5% do tempo. Assim, o que devem fazer os investidores?
Timing do Mercado: A Importância de Escolher o Momento Certo no Mundo Real dos Investimentos
Os assessores de investimento geralmente aconselham os seus clientes a comprar sempre, o importante é se concentrar nos aumentos anuais médios no preço das ações. Dizem: não tentem o time to market, ou seja, o momento certo para comprar, ou vender, uma ação.
A história e o mundo real nos mostra que os investidores mais bem sucedidos não são aqueles que compram a todo momento, são os que compram no momento certo. A realidade prova que o que importa é o particular, não a média. O timing do mercado é importante.
Grandes ganhos e grandes perdas se concentram em pequenos nacos de tempo. Como eu sempre digo, toda estratégia de investimento é uma aposta contra o mercado, o mais importante não é tentar vencê-lo, mas esquivar-se de seus piores golpes, o retorno virá como consequência.
Espero que a reflexão de hoje possa te ajudar a ser um investidor de sucesso.
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