Você com certeza já viu diversas vezes notícias de divulgação de lucros das empresas, e ao contrário do que imaginava as suas ações na bolsa caíram ao invés de subirem. Você sabe por que isso acontece? Uma das explicações é que a empresa deu um lucro, mas foi um lucro financeiro e não um lucro econômico. Mas você sabe a diferença entre lucro financeiro e lucro econômico?

A visão além do lucro: Compreendendo a diferença entre lucro financeiro e lucro econômico e seu impacto no mercado de ações.

A maioria das pessoas imagina que uma divulgação de lucros é uma boa notícia, mas para o mercado nem sempre é, ou seja, de alguma forma os investidores enxergam esse lucro de forma negativa, por mais que tenha sido positivo. O que explica isso?

Para entender é preciso saber a diferença entre lucro financeiro e lucro econômico. Para o investidor só te interessa o lucro econômico, e a diferença entre eles é que o lucro financeiro não considera o custo de capital, ou seja, o retorno esperado pelo acionista, já o lucro econômico considera o custo de capital.

Vou explicar melhor com um exemplo bem simples.
Imagine que o seu cunhado te procura para dar uma dica valiosa. Você confia muito nele, pois ele é um profissional respeitado e conhecedor de muitos mercados.
Daí ele chega e te fala: a ação da Vale vai subir vinte por cento nos próximos trinta dias, se você tiver dinheiro compre as ações da empresa.

Confiando muito na informação do seu cunhado você corre para comprar as ações, mas ao olhar o seu saldo no banco descobre que não tem nenhum centavo na sua conta.

Desesperado para aproveitar esta oportunidade você acaba fazendo uma loucura. Aproveita o seu limite no cheque especial de dez mil reais. Considere que o juros cobrados pelo banco no cheque especial seja de 10% ao mês.

Você utiliza todo esse limite e compra dez mil reais em ações da Vale.

Imaginemos neste exemplo que a ação custou R$ 10,00 cada, e vamos desconsiderar os custos de transação para facilitar o entendimento.

Passados os trinta dias ditos pelo seu cunhado a ação coincidentemente sobe os exatos 20% e você imediatamente vende as ações e realiza o seu lucro. Você comprou por dez reais e vendeu por doze, logo investiu dez mil reais e obteve doze mil reais na venda.

Mas aí você tem que pagar para o banco os dez mil reais que pegou no cheque especial, mais os mil reais de juros referentes aos dez por cento ao mês. Então para quitar a sua dívida você deposita onze mil reais na sua conta corrente. Quanto sobrou? … mil reais.

Criando valor a partir do nada: Entendendo o custo de capital e o retorno na geração de mil reais no exemplo simples.

Alguns conceitos importantes neste exemplo bem simples. Esses mil reais é o que chamamos em finanças de criação de valor. Criar valor é gerar um retorno acima do custo de capital. Então neste exemplo qual foi o seu custo capital?

Seu custo de capital foi os dez por cento que o banco cobrou para te emprestar os dez mil reais. E qual foi o seu retorno em termos percentuais? Você comprou as ações por 10 reais e vendeu por 12, logo seu retorno foi de vinte por cento.

Como você gerou um retorno de vinte por cento e teve um custo de capital de dez por cento, você criou esse valor. Bem simples, você criou mil reais do nada, lembra? Você não tinha nada, todo dinheiro era do banco.

Essa foi uma operação que chamamos de 100% alavancada, o que eu não recomendo a ninguém, é só um exemplo para simplificar o entendimento.

Então agora com este exemplo simples, você nunca mais vai esquecer o que é criação de valor. Criar valor é gerar um retorno acima do custo de capital.

Sempre que você entra numa grande empresa e vê aquele quadro de valores e missão
atrás da mesa do presidente, a única frase comum em todas elas, é criar valor para o acionista, ou seja, a missão da empresa é gerar retornos acima do retorno esperado pelo acionista. Retorno esperado em finanças é custo de capital.

Este cálculo do nosso exemplo é feito também para as empresas. Elas precisam gerar um retorno acima do seu custo de capital, e existem teorias para fazer esses cálculos, mas o conceito é o mesmo.

Então muitas vezes, as empresas divulgam um lucro que foi apenas financeiro e não econômico, logo não criou valor para o acionista, pois não deu um retorno acima do que ele esperava, e o mercado vai precificar isso.

Invariavelmente suas ações entram em queda num primeiro momento, já que empresa gerou um lucro que apesar de positivo não era o esperado pelos investidores.

Retorno abaixo do esperado: Entendendo a destruição de valor quando o lucro financeiro não atinge o custo de capital esperado.

Vamos voltar ao mesmo exemplo para entender bem este conceito. Imagine agora que as ações da Vale lá da dica do seu cunhado, não subiram os vinte por cento, subiram apenas cinco.

Você agora decepcionado vende as suas ações por dez reais e cinquenta centavos, ou seja, gastou dez mil reais e agora ao vender teve um retorno de dez mil e quinhentos reais.

Esses dez mil e quinhentos reais pode ser considerado um lucro financeiro, já que te deu um lucro de quinhentos reais. Mas não é um lucro econômico por que você teve um custo de capital de dez por cento, mas o seu retorno foi de apenas cinco.

E agora ao contrário é o que chamamos de destruir valor, ou seja, teve um retorno abaixo do seu custo de capital.

E porque chamamos de destruir valor? No primeiro exemplo você criou mil reais, investiu 10 mil com um custo de mil, totalizando onze mil, e obteve um retorno de doze mil reais.

E agora você destruiu quinhentos reais, já que terá que devolver ao banco onze mil reais, mas você só conseguiu gerar dez mil e quinhentos. Para pagar seu custo de capital você terá que tirar quinhentos reais de outra fonte.

Expectativas e precificação das ações: Compreendendo o impacto das informações de lucro e a importância de calcular o valor justo para investir de forma segura.

Então a partir de agora quando você ver uma notícia de lucro positivo de qualquer empresa, esta informação isoladamente não quer dizer nada.

Infelizmente muitos investidores amadores ao lerem esse tipo de notícia correm para comprar ações da empresa, e ao contrário do que esperavam, as ações começam a cair e eles não entendem o porquê.

Muitos outros fatores também afetam esses movimentos das ações em bolsa. Por exemplo: expectativas.

O mercado sempre precifica antes as expectativas, que podem ser de um lucro econômico muito superior, e quando ele vem, apesar de continuar sendo um lucro econômico, vem abaixo das expectativas, e aí o mercado ajustará para baixo o preço da ação.

O inverso também é verdadeiro. Muitas vezes o mercado tem uma expectativa extremamente pessimista e precifica as ações da empresa muito abaixo do razoável, e quando a empresa divulga os resultados, pode até ser um prejuízo, mas como foi bem menor que as expectativas, o mercado corrige seu preço para cima.

Nesse caso o investidor fica sem entender por que uma empresa divulga prejuízo, e suas ações sobem. Nessa confusão é muito difícil para o investidor individual saber como está precificada cada ação de cada empresa.

A única maneira de se investir de forma segura, é calcular o valor justo da ação e comprar sempre por um preço abaixo deste valor. Você pode conferir como calcular o valor justo de uma ação clicando aqui.

Espero que a reflexão de hoje possa te ajudar a ser um investidor melhor.

O que você achou do conteúdo de hoje? Você pode conferir também os 3 erros básicos de todo investidor iniciante para aprender a investir melhor clicando aqui.

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